Texto mais longo lido por 66% dos alunos brasileiros não passa de 10 páginas; no Chile, normal é mais de 100
Divulgado nesta quarta (29), estudo examinou microdados do Pisa 2018 -- exame internacional feito por jovens de 15 e 16 anos. Análise é uma parceria entre o Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e a plataforma de leitura gamificada Árvore. Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte Ricardo Laf/PBH Qual foi o texto ou livro mais longo que você leu durante o ano? Para 66,3% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos, o mais extenso não passou de 10 páginas. A constatação está em uma análise dos microdados do exame internacional Pisa 2018 divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma de leitura gamificada Árvore. O estudo estabelece uma associação entre os baixos índices de leitura e uma queda no desempenho dos jovens em disciplinas como matemática e ciências. “Quando a gente pensa no sistema educacional, nos materiais didáticos, nas avaliações, a gente não cria essa cultura de ler textos longos [no Brasil]", afirma Ernesto Martins Faria, diretor-executivo do Iede. O especialista traça uma comparação entre os exames nacionais e internacionais de leitura. "No Saeb [prova brasileira de português e matemática], são só fragmentos de textos. Por isso que o Brasil teve tanta dificuldade no Pirls [avaliação internacional para alunos de 4º ano do ensino fundamental], no qual a estrutura são textos de 4 ou 5 páginas e uma bateria de questões. Alunos brasileiros nessa faixa etária, mesmo os mais velhos, não estão acostumados. Precisamos criar o gosto pela leitura desde cedo”, afirma. Veja os principais destaques da análise: ????Só 9,5% dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos chegaram a ler algum material com mais de 100 páginas em 2018 – índice muito inferior ao de outros países da América Latina, como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%). Em exemplos de nações reconhecidamente bem-sucedidas na educação, como na Finlândia, o patamar chega a 72,8%. ✏️Entre os alunos que leram textos de no máximo uma página, só 6% atingiram o patamar 3 na média geral do Pisa (o máximo é 6), que avalia leitura, matemática e ciências. Já entre os que leram mais de 100 páginas, o índice foi bem mais alto: de 33%. Apesar desses números negativos, as respostas ao questionário do Pisa mostram que os jovens do Brasil veem a leitura de forma positiva: tanto na rede pública quanto na privada, mais de 40% dos alunos afirmam que gostam de falar sobre livros (média superior à registrada pelos países da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Por que os jovens estão lendo pouco? Há as seguintes hipóteses para explicar por que os jovens estão lendo tão pouco no Brasil: baixo estímulo (seja em casa ou na escola) à leitura; dificuldades cognitivas e déficits de aprendizagem – no Pisa 2018, 44,9% dos participantes disseram que precisam ler muitas vezes o mesmo texto para compreendê-lo; número insuficiente de bibliotecas públicas, nas ruas ou nos colégios, principalmente da rede pública. LEIA TAMBÉM: Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas em 5 anos Quais os benefícios da leitura? Segundo estudos prévios citados pelo Iede, o hábito de ler ajuda o aluno a: ampliar o vocabulário e expandir a visão de mundo; melhorar o desempenho na escrita; conquistar fluência verbal e cultura geral; compreender informações apresentadas sob diferentes formatos; desenvolver a cidadania e conhecer os próprios direitos. Vídeos
Divulgado nesta quarta (29), estudo examinou microdados do Pisa 2018 -- exame internacional feito por jovens de 15 e 16 anos. Análise é uma parceria entre o Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e a plataforma de leitura gamificada Árvore. Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte Ricardo Laf/PBH Qual foi o texto ou livro mais longo que você leu durante o ano? Para 66,3% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos, o mais extenso não passou de 10 páginas. A constatação está em uma análise dos microdados do exame internacional Pisa 2018 divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma de leitura gamificada Árvore. O estudo estabelece uma associação entre os baixos índices de leitura e uma queda no desempenho dos jovens em disciplinas como matemática e ciências. “Quando a gente pensa no sistema educacional, nos materiais didáticos, nas avaliações, a gente não cria essa cultura de ler textos longos [no Brasil]", afirma Ernesto Martins Faria, diretor-executivo do Iede. O especialista traça uma comparação entre os exames nacionais e internacionais de leitura. "No Saeb [prova brasileira de português e matemática], são só fragmentos de textos. Por isso que o Brasil teve tanta dificuldade no Pirls [avaliação internacional para alunos de 4º ano do ensino fundamental], no qual a estrutura são textos de 4 ou 5 páginas e uma bateria de questões. Alunos brasileiros nessa faixa etária, mesmo os mais velhos, não estão acostumados. Precisamos criar o gosto pela leitura desde cedo”, afirma. Veja os principais destaques da análise: ????Só 9,5% dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos chegaram a ler algum material com mais de 100 páginas em 2018 – índice muito inferior ao de outros países da América Latina, como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%). Em exemplos de nações reconhecidamente bem-sucedidas na educação, como na Finlândia, o patamar chega a 72,8%. ✏️Entre os alunos que leram textos de no máximo uma página, só 6% atingiram o patamar 3 na média geral do Pisa (o máximo é 6), que avalia leitura, matemática e ciências. Já entre os que leram mais de 100 páginas, o índice foi bem mais alto: de 33%. Apesar desses números negativos, as respostas ao questionário do Pisa mostram que os jovens do Brasil veem a leitura de forma positiva: tanto na rede pública quanto na privada, mais de 40% dos alunos afirmam que gostam de falar sobre livros (média superior à registrada pelos países da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Por que os jovens estão lendo pouco? Há as seguintes hipóteses para explicar por que os jovens estão lendo tão pouco no Brasil: baixo estímulo (seja em casa ou na escola) à leitura; dificuldades cognitivas e déficits de aprendizagem – no Pisa 2018, 44,9% dos participantes disseram que precisam ler muitas vezes o mesmo texto para compreendê-lo; número insuficiente de bibliotecas públicas, nas ruas ou nos colégios, principalmente da rede pública. LEIA TAMBÉM: Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas em 5 anos Quais os benefícios da leitura? Segundo estudos prévios citados pelo Iede, o hábito de ler ajuda o aluno a: ampliar o vocabulário e expandir a visão de mundo; melhorar o desempenho na escrita; conquistar fluência verbal e cultura geral; compreender informações apresentadas sob diferentes formatos; desenvolver a cidadania e conhecer os próprios direitos. Vídeos