A visita de Zé Trovão ao “bunker dos caminhoneiros”

A visita de Zé Trovão ao “bunker dos caminhoneiros”

O deputado eleito e líder caminhoneiro Zé Trovão participou de uma reunião na sede da principal entidade da categoria no exato dia em que carretas chegaram a Brasília em profusão para engrossar os protestos antidemocráticos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Zé Trovão, conhecido por integrar o primeiro time do bolsonarismo radical e investigado pelo Supremo Tribunal Federal por sua participação na organização de atos contra as instituições da República, esteve na sede da Confederação Nacional dos Transportadores Autonômos, a CNTA, na quarta-feira, dia 9. Ele se reuniu com dirigentes da entidade.

À coluna, o deputado eleito negou peremptoriamente que tenha ido tratar de assuntos relacionados às manifestações. Ele reagiu enfurecido às perguntas sobre o encontro, até com ameaças de processar o repórter.

“Não fomos tratar de manifestações ou paralisação. A CNTA não foi criada para atuar em manifestações. Está ali para resolver problemas relacionados ao transporte de cargas, valores a serem pagos e recebidos, melhorias no transporte. Foi sobre isso que conversamos. (…) Em nenhum momento citamos manifestação ou não”, afirmou, por meio de mensagem de áudio.

 

Também procurada, a CNTA enviou à coluna uma nota na mesma linha. “Na ocasião foram tratados temas referentes à representatividade dos caminhoneiros autônomos no Congresso e os pleitos da categoria. Este é um trabalho que a CNTA vem realizando com os representantes eleitos”, declarou a confederação.

A entidade afirmou ainda não ter relação com os protestos que questionam o resultado das eleições. “Este não é um movimento de caminhoneiros e tampouco apresenta pautas de interesse coletivo de trabalho dos transportadores autônomos. Dessa forma, não há nenhum envolvimento da entidade e sua base coligada em atos individuais e pessoais de cidadãos brasileiros”, emendou.

A CNTA funciona em uma área cedida pela poderosa CNT, a Confederação Nacional dos Transportes, em um prédio na região central de Brasília.

A CNT, também procurada, tratou de se desvincular da agremiação dos caminhoneiros e reiterou sua posição contrária às paralisações nas rodovias: “A CNTA não faz parte do rol de instituições que compõem o Sistema CNT. A CNT apenas cede o espaço no seu prédio para a entidade, a exemplo do que acontece com outras instituições do setor de transporte”.

Zé Trovão foi eleito deputado federal por Santa Catarina. Ele é filiado ao PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro. O líder caminhoneiro chegou a ser alvo de uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por sua participação na organização dos atos antidemocráticos no Sete de Setembro de 2021. Ele chegou a passar um período foragido, no México.

Depois, a prisão foi convertida em domiciliar. No início deste ano, ele foi liberado da restrição, mas teve de seguir usando tornozeleira eletrônica. Impedido de usar as redes sociais, o caminhoneiro fez campanha por meio de perfis de terceiros, que difundiam suas mensagens entre os bolsonaristas.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/rodrigo-rangel/a-visita-de-ze-trovao-ao-bunker-dos-caminhoneiros