Em dia de Copom, Haddad cita possível corte de 0,5 ponto nos juros: 'Ninguém espera a manutenção da taxa'
Banco Central deve concluir nesta quarta (2) reunião para definir patamar da taxa Selic. Governo espera redução; taxa atual, de 13,75%, é a maior dos últimos seis anos e meio. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à EBC EBC/Reprodução O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citou nesta quarta-feira (2) um possível corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central que será concluída ao fim do dia. A declaração foi durante entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos e meio (veja detalhes abaixo). "Hoje, o mercado está tendendo mais para 0,5 ponto do que para qualquer outro número. Lembrando que tem gente do mercado, gente que tá lá operando fundos bilionários, apostando inclusive num corte de 0,75 ponto", afirmou. Haddad também disse que "ninguém espera a manutenção da taxa" e que o cenário econômico atual "aponta numa direção técnica de um corte mais consistente". "Agora, nós agora estamos em um dia meio decisivo, porque tem gente do mercado, não estou falando de política não, estou falando do mercado. [...] Tem gente no mercado apostando em uma queda de 0,75. Ninguém espera a manutenção da taxa. Ninguém. Não existe um economista, pelo menos com reputação, que possa defender a manutenção da taxa", continuou. Uma pesquisa realizada pelo BC com mais de 100 bancos aponta que a expectativa da maior parte do mercado financeiro é de um corte de 0,25 ponto percentual, para 13,50% ao ano. Mas há analistas que projetam uma redução maior, de 0,5 ponto percentual. Haddad ainda citou esforços do governo, do Congresso Nacional e do Judiciário para "arrumar a bagunça herdada" na economia e disse que há um "espaço importante" para a redução da Selic. "A taxa Selic hoje a 13,75% é a maior do mundo, em termos reais. Ou seja, a taxa acima da inflação, projetada para o ano que vem está em 10%. Então, nós temos um espaço aí importante para a queda da taxa básica, e quando cai a taxa básica de juros, o que certamente vai começar a acontecer hoje, você vai ter uma perspectiva de diminuição dos juros futuros, o que implica que as empresas vão começar a captar mais barato e, ao final, isso vai acabar chegando no consumidor", disse. Críticas do governo Desde o início do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do seu governo vêm criticando o BC por manter a taxa em 13,75%. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, argumenta que a manutenção da taxa foi importante para conter a inflação. Campos Neto tem autonomia, ou seja, não pode ser demitido por Lula. Na entrevista desta quarta, Haddad disse que todas as discussões entre o governo e o Banco Central são "técnicas". E que, dentro de um mesmo cenário, podem existir opiniões divergentes. "Há uma mania de falar que quem diverge de você é político. E não é assim que acontece. Tanto é verdade que, muitas vezes, as decisões do próprio Copom não são unânimes. O que significa isso? Que alguém foi político e o outro foi técnico? Não. Significa que, dentro da boa técnica, você discute perspectivas diferentes", afirmou. "Então, você tem uma situação em que a discussão é possível, com base em indicadores. A análise, muitas vezes, difere de um técnico para o outro", disse. Redução dos juros Se confirmada a redução da Selic na reunião do Copom desta quarta, será o primeiro corte dos juros em três anos. A última queda ocorreu em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia da Covid-19, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2% ao ano (o nível mais baixo da história). A queda da inflação nos últimos meses pode ser um fator que leve à redução dos juros. Em maio, a inflação oficial desacelerou para 0,23% de alta. E, em junho, foi registrada deflação, ou seja, queda de preços, de 0,08%.
Banco Central deve concluir nesta quarta (2) reunião para definir patamar da taxa Selic. Governo espera redução; taxa atual, de 13,75%, é a maior dos últimos seis anos e meio. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à EBC EBC/Reprodução O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citou nesta quarta-feira (2) um possível corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central que será concluída ao fim do dia. A declaração foi durante entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos e meio (veja detalhes abaixo). "Hoje, o mercado está tendendo mais para 0,5 ponto do que para qualquer outro número. Lembrando que tem gente do mercado, gente que tá lá operando fundos bilionários, apostando inclusive num corte de 0,75 ponto", afirmou. Haddad também disse que "ninguém espera a manutenção da taxa" e que o cenário econômico atual "aponta numa direção técnica de um corte mais consistente". "Agora, nós agora estamos em um dia meio decisivo, porque tem gente do mercado, não estou falando de política não, estou falando do mercado. [...] Tem gente no mercado apostando em uma queda de 0,75. Ninguém espera a manutenção da taxa. Ninguém. Não existe um economista, pelo menos com reputação, que possa defender a manutenção da taxa", continuou. Uma pesquisa realizada pelo BC com mais de 100 bancos aponta que a expectativa da maior parte do mercado financeiro é de um corte de 0,25 ponto percentual, para 13,50% ao ano. Mas há analistas que projetam uma redução maior, de 0,5 ponto percentual. Haddad ainda citou esforços do governo, do Congresso Nacional e do Judiciário para "arrumar a bagunça herdada" na economia e disse que há um "espaço importante" para a redução da Selic. "A taxa Selic hoje a 13,75% é a maior do mundo, em termos reais. Ou seja, a taxa acima da inflação, projetada para o ano que vem está em 10%. Então, nós temos um espaço aí importante para a queda da taxa básica, e quando cai a taxa básica de juros, o que certamente vai começar a acontecer hoje, você vai ter uma perspectiva de diminuição dos juros futuros, o que implica que as empresas vão começar a captar mais barato e, ao final, isso vai acabar chegando no consumidor", disse. Críticas do governo Desde o início do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do seu governo vêm criticando o BC por manter a taxa em 13,75%. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, argumenta que a manutenção da taxa foi importante para conter a inflação. Campos Neto tem autonomia, ou seja, não pode ser demitido por Lula. Na entrevista desta quarta, Haddad disse que todas as discussões entre o governo e o Banco Central são "técnicas". E que, dentro de um mesmo cenário, podem existir opiniões divergentes. "Há uma mania de falar que quem diverge de você é político. E não é assim que acontece. Tanto é verdade que, muitas vezes, as decisões do próprio Copom não são unânimes. O que significa isso? Que alguém foi político e o outro foi técnico? Não. Significa que, dentro da boa técnica, você discute perspectivas diferentes", afirmou. "Então, você tem uma situação em que a discussão é possível, com base em indicadores. A análise, muitas vezes, difere de um técnico para o outro", disse. Redução dos juros Se confirmada a redução da Selic na reunião do Copom desta quarta, será o primeiro corte dos juros em três anos. A última queda ocorreu em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia da Covid-19, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2% ao ano (o nível mais baixo da história). A queda da inflação nos últimos meses pode ser um fator que leve à redução dos juros. Em maio, a inflação oficial desacelerou para 0,23% de alta. E, em junho, foi registrada deflação, ou seja, queda de preços, de 0,08%.